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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 03/03/2020

Esta edição do boletim do Sistema Cantareira traz a situação hidrometeorológica para o mês de fevereiro de 2020 e projeções com horizonte até o final da próxima estação seca, isto é, setembro de 2020. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira (60,6%), em 02 de março de 2020, é superior à situação do ano passado (48,2%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira passam para a faixa de operação “normal” (armazenamento maior que 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 33 m³/s. Em fevereiro de 2020, esta vazão de extração foi 25 m³/s. Ainda em fevereiro, choveu 57% acima da climatologia, enquanto que a vazão afluente aos reservatórios foi 14% acima da média histórica. Com relação às projeções, em um cenário hipotético de chuvas na média climatológica para os próximos meses, o modelo hidrológico projeta que a vazão afluente ficará próximo à média histórica (97%) e o armazenamento no sistema, no final de setembro de 2020, ficará em torno de 58%, enquadrando-se na faixa “atenção” de operação do reservatório (armazenamento entre 40% e 60%).

[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.

Situação atual do Sistema Cantareira

A precipitação média espacial, acumulada durante o período chuvoso de 01 de outubro de 2019 a 29 de fevereiro de 2020, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP [2] e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 882 mm (880 [2]mm), o que representa 78% (78%[2]) da média climatológica do período chuvoso, outubro a março (1124 mm). Para o mês fevereiro de 2020, a precipitação média espacial foi 310 mm (330[2] mm), o que representa 57% (67%[2]) acima da média climatológica para este mês (198 mm) (Figura 1).

[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.

Figura 1. Precipitação mensal na bacia do Sistema Cantareira (em mm) de acordo com os dados do CEMADEN. Ano hidrológico: outubro – setembro.

 

A vazão média afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de 01 de outubro de 2019 a 29 de fevereiro de 2020, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 33 m3/s, 67% da vazão média para a estação chuvosa (50 m3/s). Para o mesmo período, a vazão média de extração total foi 29 m³/s e a vazão média de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi de 5,1 m³/s.

[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.

[4] ANA: Agência Nacional de Águas.

Para o mês de fevereiro de 2020, a vazão média afluente foi 74 m3/s, o que representa 14% acima da vazão média mensal histórica (65 m3/s). Para o mesmo período, a extração média de água do Sistema Cantareira para o sistema elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 23,6 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus) que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ) foi 1,1 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 24,7 m³/s. Ainda no mês de fevereiro, a vazão média de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 5,1 m³/s.

Previsão de chuva

Nos próximos 3-7 dias há previsão de chuvas relativamente irregulares na bacia do Sistema Cantareira, com acumulados pluviométricos totais próximos ou ligeiramente inferiores à média histórica, conforme se mostra na Figura 2. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana, apresentadas na Figura 3, apontam totais pluviométricos inferiores à média histórica.

Figura 2. Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 3 (esquerda) e 10 (direita) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GFS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.
Figura 3. Previsão de precipitação em milímetros (mm) acumulados (esquerda) e sua respectiva anomalia em relação aos valores climatológicos (direita) para a segunda semana de acordo com o modelo numérico americano GFS/NCEP/NOAA.

Cenários de vazão afluente

A figura 4 apresenta, além das vazões médias mensais observadas, as projeções de vazão média mensal afluente (em m³/s), usando a média dos membros de previsão de vazão para o período 03 a 12 de março de 2020, e cenários de precipitação para o período de 13 de março a 30 de setembro de 2020. Foram considerados cinco diferentes cenários de precipitação: média climatológica, 25% acima da média climatológica, 25% e 50% abaixo da média climatológica e um cenário crítico de precipitações iguais às ocorridas entre março a setembro de 2018. As simulações indicam que, considerando um cenário de chuva na média histórica, a vazão média no período de março a setembro de 2020 será 34 m3/s, o que representa 97% da média histórica desse período (35 m3/s). Ainda de acordo com esta simulação, no cenário crítico, a vazão para o mesmo período seria, aproximadamente, 21 m³/s, representando 61% da vazão média histórica do período.

Figura 4. Histórico e simulação de vazão afluente média mensal (em m³/s) afluente ao Sistema Cantareira (linhas tracejadas) considerando a previsão e quatro cenários de precipitação: 50% abaixo da média climatológica (verde); 25% abaixo da média climatológica (azul claro); na média climatológica (cinza); 25% acima da média climatológica (azul escuro); e cenário crítico (2018) (laranja). As linhas espessas representam as vazões médias mensais observadas, de acordo com a SABESP: média histórica (preto); mínimos mensais (marrom); de outubro de 2018 a setembro de 2019 (magenta); e de outubro de 2019 a fevereiro de 2020 (roxo).

Cenários de armazenamento

A figura 5 apresenta os cenários da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e cenários de vazões; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa; e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,13 m³/s. As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de precipitações pluviométricas na média climatológica, no final da próxima estação seca (30 de setembro de 2020), o volume armazenado no Sistema Cantareira, considerando a interligação, será aproximadamente 566 hm3 (58% de 982 hm3, volume útil do Sistema Cantareira).

Figura 5. Cenários de armazenamento do Sistema Cantareira para cinco diferentes cenários de precipitação: 50% (linha verde) e 25% (linha azul claro) abaixo da média climatológica, na média climatológica (linha preta), 25% acima da média climatológica (linha azul escuro) e cenário crítico (linha laranja). Nesta simulação considera-se a vazão média de aporte da interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul com média de 5,13 m³/s. A linha magenta mostra a evolução do armazenamento observado do Sistema Cantareira no período de outubro/2018 a setembro/2019. As faixas coloridas referem-se às faixas de operação do reservatório de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925.
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