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Pesquisadores do Cemaden desenvolvem um sistema para monitorar o risco de incêndios florestais na Amazônia

Estudos voltados para a criação de um sistema de monitoramento de focos de queimadas na Amazônia, desenvolvidos pela pesquisadora Liana Oighenstein Anderson e pelo pesquisador João Bosco Coura dos Reis – ambos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações –  ajudarão instituições locais a planejarem e trabalharem com o risco, monitoramento e ações de resposta associados aos incêndios florestais no Estado do Acre.

Diante do elevado número de ocorrências de queimadas e incêndios florestais na Amazônia, foi realizado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), firmado em 2016, entre o Cemaden – em parceria com o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC) –  e a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) do Estado do Acre. O acordo visa ampliar as capacidades técnica e científica relacionadas ao monitoramento e alerta de focos de queimadas e incêndios florestais.

Para essa cooperação técnica, os pesquisadores do Cemaden iniciaram, em julho de 2018, um projeto de pesquisa intitulado “Sistema de Monitoramento de focos de queimadas em propriedades rurais para prevenção de incêndios florestais no Estado do Acre”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Pesquisa e Desenvolvimento em Desastres Naturais (Pesquisas e Desenvolvimentos Tecnológicos em Desastres Naturais – 444321/2018-7).

Conforme explicam os pesquisadores, a Floresta Amazônica apresenta uma variabilidade anual no número de focos de queimadas e incêndios florestais, associadas ao seu regime hidrológico. O maior número de queimadas ocorre entre os meses de agosto a outubro, período da estação seca em grande parte da região Norte.

“Com o prolongamento do período de queimadas, já observados na região, assim como aumento da intensidade e frequência de extremos de secas na Amazônia, constatamos o aumento no número de registros e da probabilidade de incêndios florestais.”, afirma a pesquisadora Liana Anderson e complementa: “Estamos desenvolvendo pesquisas e tecnologias para melhor compreendermos as ameaças, vulnerabilidades e impactos diretos e indiretos dos incêndios florestais na Amazônia”.

Neste projeto, tendo como base tecnológica a plataforma computacional TerraMA2 – software desenvolvido e disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) -, foi criado o sistema de monitoramento e alerta, que integra os dados satelitais de ocorrência de focos de calor para queimadas e incêndios florestais, com a delimitação das propriedades rurais privadas do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

“Esse sistema de informações vai facilitar o gerenciamento dos recursos para fortalecer a gestão do risco do incêndio florestal”, enfatiza o pesquisador do Cemaden, João dos Reis. Ele explica que o sistema também fornece outras informações de interesse para as equipes de resposta, como por exemplo, a localização dos incêndios e queimadas, a concentração dos focos, além de outros dados geográficos, como o acesso aos locais identificados com focos de queimadas.

A parceria entre as instituições prevê ainda o co-desenvolvimento de um modelo de boletim de alerta com informações necessárias para subsidiar o planejamento e a tomada de decisões que minimizem a probabilidade de ocorrência de incêndios florestais no Estado do Acre.  Vera Reis, Diretora Executiva da SEMA-Acre, comenta: “O Estado do Acre está comprometido com a Redução de Risco de Desastres e a parceria com o Cemaden tem auxiliado diretamente na tomada de decisões.”

Outro projeto de estudos sobre queimadas e incêndios florestais no Acre

Determinar qual a extensão dos impactos de queimadas agrícolas e incêndios florestais no estado do Acre, no período do ano de 2000 até 2020, é a proposta de outro estudo coordenado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), em parceria com diversas instituições de pesquisa, entre elas o Cemaden, com a participação da pesquisadora Liana O. Anderson. Os pesquisadores querem elaborar o cenário futuro, incluindo o clima, desmatamento, degradação florestal e o custo social na região.

“Já sabemos que mais de 500 mil hectares de floresta foram degradados pelo fogo entre 1984 a 2016. Agora é continuar mapeando e entender as consequências deste impacto”, informa a coordenadora da pesquisa, professora Sonaira Souza da Silva do Campus Floresta da Ufac, no Acre, conforme divulgado no site da universidade no último dia 2 de abril.

Os estudos fazem parte do projeto “Acre Queimadas”, aprovado na chamada CNPq-Prevfogo/Ibama nº 33/2018, com duração de três anos. O projeto visa o monitoramento de incêndios florestais e queimadas em todo o estado do Acre. Os dados gerados pelo projeto (sensoriamento remoto, atividades de campo, modelagem de probabilidade de incêndios e queimadas futuras) serão compartilhados e disseminados para diferentes atores sociais, tomadores de decisão, gestores, acadêmicos e sociedade em geral, como forma de sensibilização sobre problemas, desafios e avanços científicos dos incêndios florestais e queimadas.

(Fonte: Ascom/Cemaden)

 

 

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